Artigos

Hymenopterosalvifolius

Polinização, o alicerce da vida

A polinização é um serviço ecológico fundamental à manutenção da vida na Terra. Garante a reprodução de plantas, organismos base das redes tróficas terrestres, e a consequente sobrevivência de todos os animais que, direta ou indiretamente, delas dependem. Embora também possa ser realizada por fatores abióticos (vento ou água), a polinização mediada por animais contribui para a produção de bens essenciais ao homem, como culturas agrícolas, fibras, medicamentos, corantes e bebidas. O grupo que mais contribui para o sucesso deste processo é o dos insetos, de entre os quais se destacam as abelhas. Cerca de um terço da produção agrícola depende destes polinizadores e outro tanto beneficia indiretamente desse fenómeno, em quantidade e qualidade de frutos e sementes. Um exemplo conhecido é o da maçã; quando devidamente polinizada é perfeitamente simétrica e contém dez sementes. Menos sementes ou um formato irregular denunciam uma falha ao nível da polinização.

De forma global, estima-se que mais de dois terços de todas as plantas terrestres dependam de polinizadores. O mais conhecido é, sem dúvida, a abelha do mel. Na sua demanda por pólen e néctar, com que alimenta a colónia e produz mel, cada abelha visita milhares de flores e transfere pólen de umas para outras. Como polinizador é particularmente eficaz, já que, em cada saída da colónia, tende a realizar recolhas em flores da mesma espécie. Contudo, esta abelha está longe de ser a única a desempenhar tão importante função. Pensa-se que existam mais de 20 mil espécies de abelhas no nosso planeta, muitas das quais polinizadores eficazes.

Num momento em que as colónias de abelha do mel se têm vindo a reduzir de forma significativa (devido provavelmente à ação conjunta de fatores como doenças, parasitas, uso de pesticidas, alterações dos campos electromagnéticos naturais pelo uso de redes elétricas e de comunicações), estas espécies podem vir a assumir, de um ponto de vista antropomórfico, um papel de maior relevo na polinização. Maioritariamente solitárias, nidificam em orifícios no solo ou em madeira morta, onde a fêmea fecundada armazena o alimento necessário aos ovos que aí deposita, antes de encerrar a entrada com terra. A existência de alimento e abrigo potenciam a sua fixação em determinado local.

É neste contexto que surge a Apis Domus, empresa de investigação em ecologia de polinizadores que visa a promoção e manutenção de habitats propícios para polinizadores silvestres. Da varanda de aromáticas ao hectare de monocultura, do jardim público ao campo de golfe, todos os espaços verdes beneficiam da presença de insetos polinizadores e promover a sua presença exige apenas um pouco de atenção e cuidado. Porque economia, sociedade e ambiente são aliados e não concorrentes, trabalhamos hoje, para garantir os frutos de amanhã, para nós e para os nossos filhos.

Mais informações em www.facebook.com/apisdomus

Andreia Albernaz Valente
Bióloga, promotora do projeto

Deixe uma resposta